terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Eu não sei onde colocar as mãos quando alguém me abraça, não sei o que fazer quando alguém me elogia. Quando me encaram, abaixo a cabeça ou mostro o dedo do meio. Quando me beijam eu fecho a boca, quando são simpáticos eu acho que é porque querem algo em troca. Se me dizem “eu te amo” é porque é gozação e se me fazem carinho é porque têm pena. Eu sou como um cachorro que foi criado na coleira, sem comida e na base da vassourada, e só obedeço meu dono que me castigou a vida inteira, eu só o conheço e acho que só ele tem razão. Pessoas como eu merecem castigo, e castigar deve oferecer uma satisfação quase que sexual. No mundo é assim, os que punem e os punidos... Passamos a vida sonhando em trocar de lugar com os nossos algozes, mas o tempo só vai passando enquanto eles vão fazendo novas vítimas, e nos deixando pra trás, zumbis, com nossas mentes vazias, carregando a imagem de seus rostos e as cicatrizes feitas por eles.

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