quarta-feira, 16 de abril de 2008

Mais uma noite de bar.

Sentada em um banquinho sem uma perna e meio que perdendo o equilíbrio, em um buteco da Augusta ontem, sozinha e sem ninguém me enchendo o saco (muito raro... muito raro!!! Todos sabemos que nós, os bêbados, somos “enchedores de saco” natos...) fiquei pensando nas outras pessoas que se encontravam no bar. Tinha um cara de terno sentado ao lado bebendo conhaque, no balcão. Uma senhora idosa e só com três dentes na parte da frente bebendo pinga pura. Um grupo de mauricinhos idiotas saídos da faculdade (eu escutei a conversa deles e pude constatar o fato de serem bem babacas...) tomando cerveja e um cara pagando de Lou Reed / Julian Casablancas em pé na saída. A velhinha começou a cantar uma musica esquisita no karaokê, os babaquinhas tiraram um sarro, pagaram a conta e foram embora, o “Julian” assistia com cara de tédio enquanto fumava seu Camel, e o engravatado começou a chorar... Ele não olhava pra velhinha, só ficava com a cabeça baixa, tomando goles da sua bebida com lágrimas pingando no balcão. Fiquei observando. (momento de raiva cega e ignorante ON) Bom, eu sei que é um preconceito, mas eu acho que todo engravatado é escroto, sorry pessoas, mas eu acho... Todo engravatado que conheci até hoje foi escroto comigo ou com alguém e geralmente é um porco “juntador de dinheiro” filho da puta... (momento de raiva cega e ignorante OFF).
A curiosidade de saber o que tinha se passado com ele crescia à medida que a voz da velhinha ficava mais estridente. As lágrimas iam pingando e já formavam uma poça no balcão, e a velhinha gritando... Prestei atenção na letra da musica e só consegui entender uma frase em meio àquele “inglês macarrônico” dela... “I´m down here for your soul” “I´m down here for your soul” “I´m down here for your soul”… Essa frase até que me doeu, uma pontadinha no peito, porquê eu sei o que é estar down pela soul de alguém, mas o “eu” aqui nesse texto não importa muito... Estava interessada no chorão do balcão e mil possibilidades passavam pela minha mente já embriagada. Ele podia ter perdido o emprego em uma multinacional, ter perdido o amor da vida dele, estar com uma doença terminal... Etc. etc... Coloquei a mão no ombro dele e disse: “Seja lá o que você tenha, ou vai passar ou você vai se acostumar...”. Ele só me olhou, pagou a conta, atravessou a rua e foi beber em outro bar... Acho (rá, acha mesmo Bia?!?) que ele não queria conversa, e eu, que sempre reclamo dos bêbados me encherem o saco, hoje foi minha vez de ser “a mala”. Voltei pro banco tripé, pensei que talvez o engravatado até que tivesse alma, já que estava chorando, e pensei que talvez nem todos os “tios de terno” sejam monstros malvados. Pedi um Camel pro strokezinho, fumei, fui pro lado da vovozinha (nesse dia eu realmente estava mala e interativa demais...) e ela me contou que ela cantava aquela musica todos os dias como se fosse uma oração pra trazer a paixão dela de volta. Sai do bar quando estava amanhecendo, e com uma sensação de orgulho, orgulho por fazer parte desse universo tão esquisito e louco e sem sentido que é um buteco e seus bebedores.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

É quando a pinga já não arde mais e seus olhos não são mais tão verdes...
Quando a fumaça do cigarro já não fede, quando o conhaque já não é tão amargo...
E a mão treme, mas não deixa o líquido cair...
Risadas para coisas que não tem graça...
“Sim senhor... Não senhor” e barulho de teclados...
A morte que não comove, a dor que não pune...
Os sonhos que sonho pra passar o tempo...
Toda essa maldita redundância...
E o tédio...O tédio...