domingo, 1 de junho de 2008

O papel em branco me assusta. Nada acontece para que eu possa falar. Eu costumava falar dele, apenas dele, porque ele me movia. Mas dele já tive muito, ou melhor, já tive muito da falta dele, e toda essa falta me levou a ter ressacas tão ruins e fortes que sobre ele não posso mais escrever, eu tento, mas qualquer gole dele me faz enjoar, e com o vomito se esvaem as minhas poucas palavras, palavras que já foram ditas, ditas e escritas milhões de vezes e que só agora eu consegui me convencer que não serão ouvidas ou lidas. Você não lê e, quando lê, não entende. Eu grito e você não escuta. Eu subo na droga da mesa, tiro a roupa e você continua olhando pro lado oposto. O papel em branco me assusta, mas não me assusta mais do que os papéis com textos que minhas mãos escreveram seguradas pelas suas.

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