sábado, 16 de fevereiro de 2008

I NEVER TOLD YOU WHAT I DO FOR A LIVING

Conto (meu, sob o pseudônimo de Rita Valdes) publicado em uma coletânea da Mojo Books.

Um cara elegante, usando terno, cabelos bem penteados pra trás e barba bem-feita, com um ar irônico, segura minha mão e diz que eu fiz a coisa certa, diz que eu sou uma mulher livre agora. Esse mesmo homem está com a cabeça caída na mesa do escritório, com uma faca enfiada no pescoço. Realmente me sinto mais livre... Rock, pó, álcool, barulho, homens, mulheres, todas têm um sorriso lindo depois que você cheirou todas as carreiras possíveis, até mesmo as banguelas. E eu amo todas elas. Quero experimentar todas as mulheres do mundo, me apaixonar por todas, pelo menos por meia hora... E quero ter os caras também, quero que se apaixonem por mim e me deixem passar por cima deles, exatamente do modo como já passaram por cima de mim. O coração bate rápido, sinto falta de ar, estou tonta; ouço som de batidas, me perco na estrada, fujo e acordo em um hotel. Ainda não sei distinguir se o que aconteceu foi real ou mais uma viagem, uma bad trip qualquer. Cada dia que passa fica mais difícil saber o que é verdade. Volto para o mesmo lugar, e o cara continua na mesa, o sangue ainda escorre... Ou eu matei esse cara ou esta é minha maior bad trip ever... E isso não me assusta.

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