quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Sobre cerveja, cigarros e Danieis.

Tenho problemas com “Danieis”, não sei o que acontece, foram tantos. Sempre Daniel. O primeiro foi quando eu tinha 09 anos, ele queria me beijar e eu muito da boba-inocente nunca deixei, achava nojento, apesar de ser gamada nos olhos verdes e nas sardinhas que ele tinha perto do nariz. Com 15 anos me apareceu um Daniel que eu achava que era idêntico ao Daniel Johns (minha outra paixão adolescente) do Silverchair, mas hoje eu acho que ele estava muito mais pra Mark Army, tanto pelo tamanho da sua napa quanto pela cara de palerma. Ele não se achava nenhum dos dois, ele jurava que era o Kurt Cobain reencarnado e ficava no pátio do colégio sentado balançando os pés com os olhos fixos em mim e na minha amiga. Ele era muito estranho e eu fazia tudo pra ser tão estranha quanto ele, dias depois eu me encontrava no banco ao lado fazendo as mesmas coisas, balançando os pés olhando pra cara dele. Ele era estranho, mas eu gostava tanto dele, era uma paixão tão cega que me levava a fazer coisas sem nem saber o porquê. Com ele comecei a fumar, beber e a fazer cortes superficiais nos braços com gilete. Na época eu até poderia não saber bem o porquê de do uso de tudo isso, mas os mais de 10 anos que se passaram me mostraram que álcool e nicotina são sim extremamente úteis, os cortes nos braços é que até hoje nunca me deram nenhum barato. Umas semanas depois descobri que os olhares que ele jogava do outro lado do pátio não eram pra mim, e sim pra minha amiga, e quando peguei os dois juntos saquei a gilete do bolso e sai correndo atrás deles, eu queria cortar os pescoços deles de ponta a ponta, visualizei a cena durante dias e sempre ficava esperando um deles aparecer na porta da sala pra eu realizar meu desejo assassino. Depois de 4 anos minha paixão foi a Dani, minha primeira paixão por uma garota, e diferente de todos os Danieis, a Daniela foi muito legal comigo e ainda é minha garota e vai ser sempre, mesmo longe, porque tem algo que une a gente pra sempre. E por último, e a sensação que eu tenho é que vai ser o último mesmo, é o Daniel atual, o Daniel definitivo, o Daniel que está em cada palavra desse blog, em cada gota de suor que desce pela minha testa enquanto eu digito aqui, o Daniel que aparece na minha cabeça todo segundo, mesmo às vezes me fazendo querer meter a cabeça contra a parede pra ver se consigo arrancar ele a força de dentro de mim. Depois de tantos Danieis é até bobagem dizer que você é o definitivo, porque muitos outros podem aparecer, e eu realmente gostaria de acreditar nisso, mas você sempre volta, eu já te amarrei em um saco com pedras e te joguei no fundo de um rio e você voltou, quando eu menos esperava você estava acariciando minha perna e me transformando nisso que eu sou hoje... Depois de você, não sei se vou ter forças pra outros, porque o que eu poderia entregar a outros você roubou e levou embora faz tempo...

terça-feira, 11 de novembro de 2008

E eu ainda muito longe, na Ilha Norte perto do fim do mundo. Cinco dólares nas mãos e uma oferta para lavar pratos em uma kebaberia. Ou é isso ou vou ter que enfiar o rabinho entre as pernas e vou ter que voltar, e eu ainda não posso, o coração ainda está inflamado. Ainda não. Vou lavar pratos.
Nove dias. Aguentei só nove dias. Minhas mãos já estavam cheias de perebas e eu corria o risco de perder meus dedos na maquina de ralar batatas. Enchi os olhinhos de lágrimas, fiz cara de gatinho do Shrek e o turco-chefe me deu a grana dos nove dias. Puta sorte! Ele não era obrigado a me pagar, ainda mais que eu trabalhava ilegalmente, whatever...
Fui pra rodoviária e peguei um ônibus, ainda me lembro do nome do busão, “Tongariro National Park”. Caralho, eu lá na puta que pariu e seu cheiro na minha blusa, eu sei que até parece letra de musica sertaneja, mas a droga do seu cheiro estava lá. Joguei a blusa fora e congelei...
Entrei no pub, bebi uma Stella, conheci 3 gúrias e fui jogar bilhar. Elas me pagaram cerveja, um rango, e eu fiquei no mesmo quarto que elas no albergue, conversamos sobre corações despedaçados. No dia seguinte peguei carona pra não lembro onde e deixei as garotas pra trás. Peguei carona com um inglês que tinha uma van (e eu, antes de entrar, pensei: “Putz, Van é carro de tarado/pervertido”), olhei pra cara do inglês e ele tinha cara de inglês e sotaque de inglês e era lindo, entrei na Van e uma amiga que me ajudou com a mochila só disse “take care girl”. Eu tropecei, cai com a cara no banco, deixei umas coisas cair, que o vento levou e o inglês foi correndo toscamente pegar tudo pra mim...Cute!
O inglês era tão inglês que não me fez nada, acho que mesmo que eu quisesse. Fumamos maconha juntos e tomamos um café e ele me deu a blusa dele porque percebeu que eu estava roxa de frio. Desci em uma praia e fiquei por lá. Mas me bateu um tédio. Mesmo com tantas coisas acontecendo eu fiquei bodeada e no dia seguinte eu voltei. Hoje até me arrependo um pouquinho...Talvez ainda hoje era pra eu estar por lá, mendigando cerveja e restos de cigarros. Um minuto de chateação e eu joguei tudo pro alto e voltei. Só ficou um monte de lembranças turvas de coisas tão surreais que nem parecem mesmo que aconteceram. Essa experiência toda me deixou mais livre. Hoje são poucas as coisas que me dão medo. Perder o emprego? Foda-se! Não ter dinheiro? Fo-da-se! Não gosta de mim? F-O-D-A-S-E-S-E-E-E!!! Hoje só tenho medo de perder a minha vontade, minha inquietação e minha paixão. Essas coisas entaladas na garganta, e essa dorzinha no coração que fazem eu me mexer. Eu só vou parar quando ainda essas gotas de sangue que correm e aquecem minhas veias secarem, e ainda falta algum tempo. Ainda sinto. E só você tem meu botão de liga/desliga. Eu já tentei fugir e ficar longe, mas não dá. Voltei. So ...Take me now, As I am.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Ele me deu um chute de leve na barriga e jogou a bituca de cigarro na minha cara. Eu estava sentada no chão ouvindo com cara de tédio todas as suas lamentações. Ele ficava me dizendo que eu não tinha o direito de fazer o que eu faço, sendo que tudo o que eu faço é ser completamente louca por ele. Eu não tenho culpa. Eu sou o que sou e estou onde estou por culpa dele. Eu não fiz nada muito grave, foram só alguns escândalos, um monte de lágrimas derramadas, maquiagens borradas e roupas rasgadas. E ele vem me dizer pra eu não ser mais eu, pra eu não mais lhe querer, e não lhe ver. Eu sei que sem ele não vai ter mais nada. E eu ainda prefiro queimaduras de cigarro no rosto ao nada.